Quatro em cada cinco casas em Portugal não possui seguro contra sismos, o que pode causar perdas para particulares e para o Estado.
Apenas 19% a 20% das residências portuguesas têm cobertura para risco sísmico, o que significa que apenas uma em cada cinco casas possui um seguro que cobre danos causados por sismos. A indicação é da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), que divulgou o Relatório de Estabilidade Financeira do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões relativo a dezembro de 2022.
De acordo com os dados transmitidos, esta cobertura insuficiente, além de fazer com que a reconstrução do imóvel e o pagamento do crédito habitação resultem em grandes perdas, coloca em causa a capacidade de recuperação de Portugal perante uma catástrofe. Contudo, as regiões com maior risco sísmico a nível nacional, como o Algarve, Lisboa, Vale do Tejo e Porto, são também as regiões nas quais as seguradoras mais concentram capitais seguros do segmento habitação com cobertura para este tipo de fenómenos.
Segundo a ASF, caso ocorra um sismo e não exista cobertura seguradora, “a provável perda de rendimentos dos particulares, conjugada com a necessidade de conciliar o financiamento da reconstrução do imóvel e o pagamento do crédito hipotecário, pode conduzir a perdas elevadas, com contágio direto ao setor financeiro”. Tendo em conta que as habitações perdem valor quando sofrem danos, os clientes acabam por “largar” o crédito de uma casa que desvalorizou. Por conseguinte, esta catástrofe pode levar à necessidade de “intervenção do Estado”, o que “pressiona a perceção de risco de crédito do país”.
Caso exista cobertura por parte da seguradora, as perdas são indemnizadas e, por sua vez, o Estado deixa de ter tanta pressão no que diz respeito à recuperação pós-catástrofe. Com isso em vista, a ASF organizou algumas iniciativas relacionadas com a criação de um sistema nacional de proteção contra o risco de fenómenos sísmicos, incluindo um fundo sísmico.